Prof. Liley foi um médico de Nova Zelândia, grande ativista pró-vida e que deixou uma carta-artigo intitulada “ O feto como uma personalidade” onde revela detalhes da fisiologia da vida fetal nunca antes relatados: “o ambiente fetal não é um mundo escuro e silencioso, por mais que possa parecer assim!”.
O feto desempenha papel decisivo no ambiente onde é hóspede temporário: o ventre materno. Durante seu período como passageiro é um indivíduo ativo e em desenvolvimento. E a decisão do início do trabalho de parto é dele.
Nessa sua carta, que é um dos textos mais impressionantes que já vi sobre o ventre materno e o seu passageiro ilustre, o Prof. Liley demonstra através de explicações e experimentos, como o feto reage a estímulos e situações e como se adapta às variações do ambiente uterino até o parto. Tudo descrito dentro da cronologia natural de seu desenvolvimento.
Descrevem-se ali detalhes sobre a deglutição, sucção, movimentos, visão e audição dos fetos. “O milagre do olho humano se desenvolvendo na escuridão para enxergar depois na luz e o milagre do ouvido humano se desenvolvendo na água silenciosa para ouvir depois no ar vibrante, como disse o neurofisiologista Sir Charles Sherrington. Os sons externos que o feto ouve, os borborigmos maternos que chegam a 85 decibéis, as batidas do coração, os batimentos cardíacos maternos, o barulho do sangue nas grandes artérias que suprem o útero e o leito placentário.... A experiência do “metrônomo” que acalma os bebês depois que nascem, quando são regulados para batidas entre 50-90 por minuto, comprovando que fetos se recordam de sensações de bem-estar e segurança trazidos da experiência de vida no período intrauterino.
O feto não vive em estado de privação sensorial. Ele é ativo e receptivo. Após o nascimento, a percepção da visão é mais demorada, mas ele pode reconhecer vozes desde o início.
Sim, o feto sente as emoções da mãe!
As emoções maternas repentinas provocam mudanças bruscas no ritmo cardíaco do coração fetal.
“The fetus as a personality”, um artigo de 1971 escrito com o conhecimento e a sensibilidade de um homem que dedicou sua vida aos pequenos fetos e que foi um dos pioneiros da terapêutica fetal no mundo. Seus conhecimentos, técnicas, estudos e procedimentos inovadores na área de medicina e terapêutica fetal, em especial na área de tratamento da anemia fetal, propiciaram novo impulso para realização de técnicas intervencionistas para tratamento fetal intrauterino.
Grande ativista pró-vida, sempre se posicionou contra qualquer prática de interrupção da vida fetal. Em 1983, o mundo perdeu esse valoroso mestre, mas seu trabalho e suas idéias continuam inspirando cirurgiões, fetólogos e neonatologistas do mundo todo na luta pelo reconhecimento dos fetos como pacientes, com direito a diagnóstico intraútero, acompanhamento especializado, busca do bem-estar, acesso à terapêutica intraútero quando houver, respeito e muito acolhimento.
Para acessar o artigo original do Prof. Sir A. W. Liley: https://www.ehd.org/classics/liley_foetus.php
A ele meu tributo e minha homenagem!
A medicina fetal tem muita história a ser contada. Em breve, neste canal, faremos novos tributos a outros gigantes da Medicina Fetal.
Gilda Pacheco
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